A CHAVE DO TEMPO
Em sonho, veio uma revelação
inesperada, através do Anjo dos Pastores sardos. Da longínqua Criação do mundo veio
uma herança maior aos homens, a chave do tempo. Não era uma arca, não era de
ouro, um troféu, nenhuma tradição oral, nada de pedras ou ervas sagradas, mas o
divino som dos sinos. A sua perfeita afinação é a chave do tempo. E o vento que
leva seus segredos, pode trazer de volta o ressoar dos tempos, como o ir e vir
das ondas. Tem o som do Universo, do equilíbrio e da Criação do Mundo. Tem o
segredo dos tempos passados e a sintonia com o futuro.
São muitos os sinos e suas
finalidades. Os sinos das naves ao mar e aqueles que guiam nos faróis em tempos
ruins. Os sinos dos Nuraghes, da idade do bronze. Os sinos das igrejas e o
anúncio do sagrado. O sino fúnebre. O sino do natal, anunciando a Boa Nova. O
sino da contemplação budista ou tibetana. Sino dos Ventos alertando os
tornados. O Sino do garçom, saindo o prato perfeito, a hora da degustação. O Sino da portaria do hotel para a chegada do
hóspede. O Sino da cultura dos Mamuthones. Os Sinos de alerta das Cabras aos pastores.
O sino que aportou junto com as caravelas, na fundação de Pindorama, em terras
distantes da Sardenha. Ressoa a partida, a promessa, a chegada, a alegria,
distribuindo bênçãos.
Sete por cento da população convive
com um zumbido nos ouvidos, um tal “Tinnitus”.
Não tem causa mecânica ou clínica, vão e vem sem motivo qualquer, sem ter
qualquer remédio que o encerre definitivamente. Há cerca de cinco anos, muito
incomodado pelo zumbido e após uma leva de antibióticos sem nenhum resultado,
fui a um médico de nome Wilson, mineiro de Pouso Alegre e a resposta que tive
dele foi que: “...enquanto falava do seu
zumbido, acabou de alertar o meu”. E concluiu que era normal, era só não
preocupar com ele, desencanar, que ele partiria como veio. Então, comece a
pesquisar também, assim como fui instigado. Chegará nos 432 hertz, a frequência do Universo, o zumbido primordial.
Surpreenda com a “Afinação de Verdi”,
o compositor italiano que sintonizou em suas composições nesta frequência. Se
adentrar o campo místico, se encantará pela Terapia
dos Sinos, principalmente na cultura oriental.
Em 1821, em Cagliari, Ilha da
Sardenha, o construtor Raffaele Cappai reformou o sino da igreja barroca. Em
1969, o módulo lunar da Missão Apolo 12 foi arremessado na lua e ela soou como
um sino por oito minutos, gerando até hoje um enigma para os cientistas. Em
1978, na época seminarista, toquei o sino da Catedral de Leopoldina e fascinei
pelo ressoar sagrado dos sinos. Em 1986, maravilhei com o repicar contínuo dos
sinos na Semana Santa em Ouro Preto. Em 2 de Abril de 2005, os sinos repicaram
no mundo todo pela morte de João Paulo II. Hoje, me divirto no quintal de casa
fazendo Sinos de Vento e escutando
suas diversas entonações na passagem dos ventos. Viajo na parte de minha alma,
dos pastores ancestrais, que escutava suas cabras ao largo. Quantas histórias e
recordações trazidas no ressoar dos sinos, se revelando a “chave do tempo” dita pelo Anjo
dos Pastores Sardos...
_______________________________________________________________ * José Capaz Dutra Cappai, 53 anos, é jornalista, historiador e pesquisador da imigração sarda para o Brasil. Autor do Livro "A ILHA QUE ATRAVESSOU O MAR", em fase de publicação.
_______________________________________________________________ * José Capaz Dutra Cappai, 53 anos, é jornalista, historiador e pesquisador da imigração sarda para o Brasil. Autor do Livro "A ILHA QUE ATRAVESSOU O MAR", em fase de publicação.
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