Uma
informação histórica muito interessante diz respeito às "Contas Villasalto
Muravera", da qual a família Cappai era um feudo importante dentro do
Reino de Arborea, no sul da Ilha da Sardenha. Neste período histórico medieval,
o símbolo do "Regno di Arborea"
era uma árvore e está presente nos Brasões (Stemmas) das cidades, como ocorre
em Oristano; cidade que no período medieval, pelo ano de 1280, é a cidade de Mariano IV Cappai de Arborea e da
lendária Eleonora Cappai de Arborea,
autora da Lei "Carta de Logu". Esta árvore está na alma do Brasão da
família de meu avô Raffaele Cappai. Estamos falando de um Reino sardo e suas
leis que perdurou por mais de 500 anos, antes do Resorgimento (Unificação da
Itália).
Próximo
dali, a cidade de Villasalto deveria ser uma vila feudal com menos de 600
habitantes. Hoje é uma cidade de 1351 habitantes. Desta, no ano de 1240, sairia
do ventre de Vera Cappai, a casta de reis e rainha da Sardenha, da Dinastia
Cappai de Baux, a partir de seus filhos Andreotto e Mariano. Da união deste
feudo Cappai com o Regno de Arborea viria seus títulos de nobreza e feitos
históricos; eventos aos quais dedico hoje meus estudos de historiador. Pouco se
resgata da história da personagem Vera
Cappai, de Villasalto; talvez pela temporalidade (reportamos ao distante
ano de 1200, cujos registros são poucos nesta história medieval, que ora termina
na fogueira da inquisição ou na mão de rivais e inimigos) ou talvez pelo fato
que os homens da época tinham mais de uma mulher e as questões de família eram
puro interesse de somar forças e conquistas, sob os olhos reprovadores da
igreja. E a Dinastia Cappai não foge a estas regras...
Outra
informação curiosa da "Alma do Brasão" de minha família: A árvore que
representa a união da Dinastia Cappai ao "Regno de Arborea" é uma
alusão ao "albero eradicato", muito provavelmente faz menção à
ocupação de uma região inóspita, ao desbravamento e corte de árvores; ligado
aos códigos agropecuários de Mariano IV Cappai. Mas também, revestido das lutas
sangrentas típicas do período medieval, tão bem retratados pelo cinema, que faz
menção aos catalães a ameaçarem os sardos a "cortar as mãos e os pés, pois
estes permaneciam relutantes no confisco de seus bens." E este embate
também está estampado na bandeira da Sardenha, com os quatro mouros,
representando a vitória dos sardos contra os sarracenos (muçulmanos); que
ameaçavam invadir no passado a ilha. Aliás, invadir e dominar a “ilha paraíso”
é uma intenção que está enraizada na história da Sardenha, milênios antes de
Cristo...
Se
por um lado, constatamos este período medieval com informações estarrecedoras e
cruéis, também vemos um embrião da “democracia” nesta Sardenha antiga. É o
único lugar na história do feudalismo que o povo poderia oficialmente eliminar
o rei. O rei ou o juiz tinha como base uma aliança com o povo, o chamado Consenso
Bano. Se o soberano falhasse, poderia legitimamente ser destronado e
morto pelas próprias pessoas, sem prejuízo da transmissão hereditária deste
título dentro da dinastia régia. Isto aconteceu com dois reis na Dinastia Cappai. Imagine isto no
futebol hoje, haveria poucos juízes corajosos a arriscar suas cabeças...
Stemma da cidade de Oristano, cidade de Eleonora Cappai de Arborea, com a árvore símbolo do Reino de Arborea; presente na "alma" do Brasão de minha família.
Seres alados protegem o Reino de Arborea, simbolizado pela árvore ao centro. Uma coluna de sustentação na cidade de Oristano, Sardenha, Itália.
Vitro na Igreja de San Martino, em Oristano, apontando a realeza de Arborea, à direita.
Estátua em Oristano, demonstrando a força dos guerreiros de Arborea através do leão segurando o escudo e o simbolo do Reino de Arborea.
Simbolo de Arborea na fachada de uma residência antiga em Oristano, Sardenha, Itália.
Brasão da Família Cappai, contendo na sua "alma", seu interior, a árvore símbolo do Reino de Arborea, cuja família teve origem na pequena vila medieval de Villasalto, região de Gerrei, Sardenha, Itália.
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