segunda-feira, 3 de março de 2014

A IMIGRAÇÃO E SEUS EFEITOS COLATERAIS...

Entre os anos de 1880 e 1930, o Brasil recebeu milhares de italianos, numa imigração que só assemelha à diáspora bíblica dos hebreus. Enquanto a Itália passava por uma forte crise econômica, principalmente pós a unificação, com excesso de patrícios e poucos empregos, o Brasil precisa de mão de obra na cafeicultura, com a abolição da escravatura e, posteriormente, como o apelo da industrialização.

Na Itália incentivava a vinda dos italianos com panfletos e publicidade para "fazer a América". Aqui no Brasil, a história era outra, porque era precário e extremamente simples a recepção e o procedimento de registro dos imigrantes e suas famílias pelos órgãos do governo. Vinham abarrotados em navios, eram acolhidos nas Hospedarias dos Imigrantes, cuja ordem era a urgência em despachar os que chegavam para as lavouras. Não havia espaço para todos. Muitos ficaram no anonimato ou morreram como indigentes. Os que morreram em alto mar, foram esquecidos para sempre. A diferença da cultura, do idioma e o despreparo na recepção dos imigrantes separou famílias por toda uma geração.

Em face de todos os erros e desencontros da imigração em massa, a história e a cultura do Brasil foi marcada para sempre com a vinda dos imigrantes italianos. Entre 1870 e 1953 entraram no Brasil 1.565.835 italianos. Deste total, apenas 6.000 eram sardos, os que ficaram no Brasil. Estima-se que na Argentina, o número de imigrantes sardos foi maior dos que ficaram no Brasil, em torno de 17.000. Ainda assim, os sardos eram uma pequena parte na grande parcela de imigrantes italianos.

A família de meu bisavô sardo CAPPAI GIUSEPPE chegou na Hospedaria dos imigrantes em 1897, estava destinado à Fazenda de Café do sr. Antônio Belizandro dos Reis Meirelles, Fazenda Bella Vista, município de Leopoldina. E dentre os poucos sardos que vieram neste ano, seguiu o rito de entrada do imigrante. Dos registros que tenho, ele ficou viúvo em 1912, de sua esposa GESSA Maria Annica, que faleceu com 49 anos no município de Providência, Distrito de Leopoldina, zona da mata mineira. Em 1913 casou seu filho CAPPAI SALVATORE em Leopoldina e mudou-se para Nova Venécia, Estado do Espírito Santo. Em 1917, retornou para acompanhar o casamento de meu avô CAPPAI RAFFAELE. E a partir deste registro, não há mais informações a seu respeito.

O meu trabalho é reconstruir a história, porque ela é a única coisa palpável da família que se dispersou, fragmentou-se após ter o sobrenome alterado no Brasil. Decerto, os CAPPAI são realmente uma família CAPAZ, meu sobrenome no país, e só o tempo para solucionar as lacunas deixadas...

Para ilustrar estes comentários, segue uma propaganda italiana incentivando a imigração, pois no início o governo italiano chegou a colaborar com dinheiro para os imigrantes. Por parte das Hospedarias no Brasil, havia um ritual simples para receber, cuidar e alimentar o imigrante por alguns dias, destinando-os em seguida para o contratante dos serviços. Poucos são os registros deste tempo...





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