sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Poesia da alma sardenha, além mar...

50 anos para descobrir...
                      José Capaz – 31/01

Nasci em terras distantes, longe da terra natal,
Vazio d’alma de uma terra que não conheci,
Mas cultivo a energia de viver nova vida, além-mar.
Lembranças se formam, misturadas a sentimentos díspares,
Alegre, encontro velhos e amarelos documentos,
Eta! tristeza resignada, do tempo perdido e do anseio da procura.
Acaso sou Giuseppe, acaso sou Antônio, acaso será apenas eu,
Quanta trama, no fundo da alma que não cessa de perguntar,
E que às vezes se cala, emudece pela temporalidade da escolha.
Sono sardo, mi sono perso, perso come un bambino.

Acaso espera o tempo?! Farei retornar a esta terra jamais experimentada?
Que registros há neste solo, que me atrai como o imã a limalha,
E quão grande é a distância que nos separa dos sonhos.
Oh! Deus, que mosaico virou a vida, quando as raízes afloraram,
Quando poucas respostas vieram pela insistência de seu servo,
Rasgando a terra que parecia firme, convicta, agora fértil de indagações.

Sempre gostei do mar, de navegar, da pesca e da brisa,
Que diria as palmeiras dançando ao vento, no frescor arrancado pelo olhar,
Do cantar das águas do rio, que desaguava no espírito irrequieto,
E o lavrar da madeira metamorfoseando-se em “mamutones”,
Horas martelando a madeira, criando vida.
E lá estava ela, a ilha que concentrava no coração, do esquelético ser,
Agora preenchido pela descoberta de que não era um ser isolado,
Este minúsculo ser perdido no nada, na complexidade do nexo,
Mas sim era a ilha que habitava no mais profundo de minhas memórias,
E assim, nas entranhas do DNA, dos Memes, no borbulhar dos pensamentos,
Está a ancestralidade sarda que atravessou o mar...



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