sábado, 2 de março de 2013

Uma casa na pátria do inconsciente...

Tem uma imagem de uma casa que sempre esteve em minha mente, desde pequeno. Sempre foi motivo de meus desenhos. Quando eu tinha uns 14 anos, minha mãe Leda Maria, me arrumou tinta e compensado, quando eu pintei a guache esta casa. Depois por diversas vezes, para passar o tempo, eu sempre desenhava a mesma casa. Traz paz saber que ela existe, que está rodeada de água, tem um porto, é uma casa de dois pavimentos que dá uma vista bonita e tem animais no quintal. Hoje, depois de conhecer a história de meus ancestrais, penso que realmente esta casa possa existir e que ficou gravado em minha mente. A imigração forçada fez com que largassem tudo, esquecessem das coisas que tinham, dos momentos que passaram com os amigos, dos animais que tinham e da casa. O italiano desta época era muito apegado a sua terra, às coisas simples e ao cotidiano, então imagino o quão difícil foi negar esta vida que tinham. De alguma forma, em algum lugar, a tristeza da perda e da ligação com a terra ficou gravado forte na alma da família, principalmente a Giuseppe Cappai que teve, junto com sua esposa Maria Annica, decidir por todos o recomeço de uma nova e enigmática vida, além do oceano, em algum lugar desconhecido. Esta casa que desenho desde pequeno é uma ligação com eles, a qual não sei exatamente explicar, mas que - não tenho dúvidas alguma - está ligado com algum ponto das terras da Sardenha, perdida no passado. Pode ser que nem exista mais, que lhe restem apenas os escombros, mas no inconsciente ela não apaga. E é pela memória deles, que pesquiso e retornarei a sua terra de outrora. Pelo olhar do descendente curioso, estarão eles a olhar também?!  Só Deus para dizer, a quem toda a história tem seu sentido supremo e repleto de significados. Così sia!


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