A história é, sem dúvida, o maior valor que herdamos na genealogia.
É a herança que vale "ouro" e sobrepõe a qualquer patrimônio ou posse; porque o tempo pouco corrói ou consome. Os registros estão todos ai, para serem pesquisados. Mas se não forem contados e repassados pela oralidade nos grupos de família, poderão ser enterrados a cada geração, caindo no total esquecimento. Toda família tem registros fascinantes e histórias para serem pesquisadas e contadas a seus descendentes. São elementos que conectam os viventes a todos aqueles que partiram e deram sua contribuição. É uma forma de gratidão pela própria existência, porque somos todos frutos da história viva e transformadora. Por isto, precisamos sempre buscar os registros da família e ampliar esta pesquisa num contexto maior, como visitar museus, sítios arqueológicos e monumentos. O meio em que estamos inseridos ou do qual originamos, também tem muita história para contar; pessoas fascinantes e com muitas experiências de vida para compatilharem. Viajar é mais do que entrar num avião e atravessar fronteiras, mas "viajar" com o deleite em resgatar memórias e recordações de pessoas, lugares e culturas. Somos reflexos de tudo isto, gravados em nosso DNA, basta abrir a mente, ter a curiosidade e ser receptivo. Mas não esperem ficar velhos, para pensar nesta possibilidade. Há um universo à nossa espera...
Somos frutos da história.
Esperei dez anos para conhecer a Sardenha, desde que comecei a escrever o livro "A Ilha que atravessou o mar". E para surpresa, descobri que nossa origem não foi apenas na Ilha da Sardenha, porque pelo lado materno, também temos origem nas Ilhas dos Açores. Sim, somos filhos de duas ilhas. E quantos sardos e açorianos temos espalhados pelo gigantesco Brasil. São imigrantes que trouxeram a força do trabalho, a forte cultura que se traduz na musica e na fé religiosa, os mutirões para plantio e colheita, a arquitetura típica, a gastronomia como a polenta e as reuniões de família, que infelizmente, está se perdendo nestas novas gerações. A quebra de identidade, familiar e individual, foi política dos governos no país por décadas, para que não surgissem revoltosos e anarquistas entre os imigrantes; principalmente na época do fascismo na Europa. Mas, aqui e acolá, surge sempre interessados em recuperar a memória familiar e a história que atravessou o mar. A esperança é que mais famílias interessem pela genealogia e, quem sabe um belo dia, possa ser uma disciplina na grade curricular de nossas escolas. A família é a base de uma sociedade mais justa, solidária e participativa. Do contrário, temos um Estado totalitário e opressor, que destrói o sentimento de pertencimento do seu povo e de suas raízes; impondo uma ideologia auto destrutiva.
O Símbolo de Arborea
Na Sardenha, temos registros no Reino de Arborea, um sistema de governo muito peculiar na época medieval, que deixou símbolos e personagens históricos até hoje comemorados na ilha. Este sistema que, a princípio possa nos parecer primitivo, traz o germe da democracia em muitas de suas decisões, antes mesmo da Unificação da Itália ou Risorgimento. O Brasão da família Cappai traz a árvore símbolo do Reino de Arborea, o "Albero eradicato", no período estimado entre 1280 a 1470. A família Cappai era um "feudo das contas de Villasalto/Muravera" neste passado distante. O título de "Cavaleiro hereditário e Nobre Sardo" da Família Cappai foi obtido em 2 de novembro de 1677 e faz parte do histórico do Brasão de Família. O símbolo de Arborea é visto na fachada de prédios antigos, nas portas e no piso de igrejas e em estandartes, principalmente na cidade de Oristano. Tive o prazer de visitar, fotografar e comprar livros sobre a história fascinante da Sardenha. Coletei informações nas visitas, sempre bem recepcionados e conversei com atenciosos sardos pelas andanças na ilha, juntamente com minha esposa Mara. Após esta viagem que ocorreu no início deste mês de junho de 2025, comecei a revisar a segunda edição do Livro "A Ilha que atravessou o Mar". Foi muito emocionante, após uma década de pesquisa...
Torre medieval de 19 metros de altura, construída no ano de 1290, por Mariano III, filho de Vera Cappai, da pequena Villasalto.
Estátua da rainha Eleonora de Arborea, na cidade charmosa de Oristano, na Ilha da Sardenha.
Símbolo do Reino de Arborea à esquerda, o Albero eradicato, presente no Brasão de Família.
O Leão, símbolo de bravura, segura o símbolo do Reino de Arborea; reino que governou por centenas de anos a Ilha da Sardenha.
O símbolo que representa o Reino de Arborea está em vários monumentos antigos e no piso da igreja na Província de Oristano, na costa oeste da ilha.
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