Chegar na ilha da Sardenha e conhecer a pequena e grandiosa Villasalto foi um sonho de toda vida. Descobri minhas raízes aos 50 anos, quando consegui a Certidão de nascimento de meu nonno Raffaele Cappai. O sobrenome da família (Capaz) estava errado nos documentos. A partir daí, veio o fascínio e a emoção de várias descobertas nos ultimos onze anos. Fui ajudado e ajudei várias pessoas a buscar seus familiares perdidos e suas raízes, uma jornada muito gratificante. Por isto, ao chegar na ilha, chorei de emoção. No dia anterior a chegada em Villasalto, dia 05 de maio de 2025, fiquei triste e desolado, estava limitado a apenas um ônibus por dia para a pequena cidade de 1300 habitantes no alto da serra, onde pegaria um Taxi e sem saber como voltaria a Cagliari, após uma viagem cansativa. Mas uma ideia de relampejo veio e abriu o caminho. Baixei o aplicativo Facebook no celular e entrei num grupo de genealogia de Villasalto com cerca de 3 mil participantes, inclusive de cidades vizinhas, e fui abraçado pela amizade e disposição dos sardos. Fui recepcionado com almoço, café e até licor de Limoncello pelos simpáticos e atenciosos moradores de Villasalto. Foi muito emocionante.
A viagem para a ilha da Sardenha é um teste de resistência, pois depende do trânsito em aeroportos, bom planejamento e muita paciência nos vôos, que estão cada vez mais tecnológicos, burocráticos e corridos. Para se chegar na ilha, partindo do Brasil, é preciso sair do Aeroporto de Guarulhos, passar por Lisboa, Milão e, por fim, chegar em Olbia ou Cagliari. Ida e Volta da Ilha da Sardenha totalizam 6 voos num total de 26 horas de voo, com as empresas TAP Portugal e EasyJat e, na ilha o melhor é utilizar os Trens da Trenitália. Taxi e Ubers oneram a viagem e o ideal é usar os trens ou ônibus, preferencialmente, fora da temporada. No verão, a ilha fica lotada, por se tratar um local de veraneio da Europa, com muitas praias e locais paradisíacos para passear. O ideal é ir fora de temporada, na primavera de preferência, para evitar picos de temperatura.
O tempo de viagem de Guarulhos para Lisboa é 9 horas e 30 miutos, em média. De Lisboa para Milão, em torno de 2 horas. E de Milão para a ilha é 1 hora e meia. Uma viagem de 14 dias pode chegar a custo atual de 25 mil reais para duas pessoas. Minha esposa Mara, me acompanhou nesta viagem fantastica, a busca das origens. Minha idade é 61 anos, sou a transição da "pré-história" para a tecnologia. Estudei datilografia e ensinei jornalismo para a turma que escrevia a caneta ou na maquina manual. O computador e o celular vieram com força no meio do curso de jornalismo, por volta de 1990. Tive que me adaptar, mas boa parte desta geração já sofre com a adaptação aos novos tempos da aviação. Cada vez mais, estamos dependentes da tecnologia, do celular e do afastamento de pessoas no atendimento dos aeroportos. Isto aconteceu com os bancos, pois a solução passou a estar na palma da mão. No celular, tem o agendamento dos voos, códigos de barra para todos os fins, Check in on line, compra de bilhetes, translados e procedimentos de urgência em voos cancelados. Tudo na palma da mão, sem uma pessoa para orientar. A correria já é inerente aos aeroportos e a falta de paciência também. Enfim, a tecnologia irá excluir quem não se adaptar.
Nossa anfitriã Teresina que nos recepcionou com almoço típico sardo, no B&B, em Villasalto.
A família de Humberto Cappai, outro imigrante que veio para o Brasil, para Muquí (ES)
A calorosa recepção de moradores no único bar da cidade, em frente ao Comune, na entrada da cidade.
No último instante, antes de pegar o ônibus de volta a Cagliari, o emocionante encontro com Mauro Cappai, parente direto na árvore genealógica, com traços bem parecidos a meu pai.
No dialeto sardo se chama "Bidda de Sartu".
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