domingo, 2 de fevereiro de 2020

QUANDO OS RAROS SARDOS CHEGARAM...


"1897. O ano teve início e término numa sexta-feira. O Brasil vivia os primeiros tempos da República e a moeda corrente no país era “Réis”. Nascia Pixinguinha (compositor), Humberto Mauro (cineasta), Di Cavalcanti (pintor), Castello Branco (29º Presidente do Brasil), Papa Paulo VI (263º Papa), Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião”, entre outros. Fundava-se a Academia Brasileira de Letras. Minas Gerais transferia a capital do Estado de Ouro Preto para Belo Horizonte. Inaugurava-se a nova capital mineira. Guglielmo Marconi, inventor italiano, fazia a primeira transmissão de rádio. Inaugurava-se a primeira linha submarina de telégrafo no Brasil e os primeiros bondes elétricos de Salvador (BA). Terminava a primeira epidemia de febre amarela em São Simão (São Paulo). Thomas Edison requeria a patente do “kinetoscopio”, o primeiro projetor de cinema. Produzia-se no Brasil o primeiro “curta-metragem”, a expedição polar de S. A. Andrée. Euclides da Cunha cobria a Guerra de Canudos, narrado em “Os Sertões”. Morria o beato Antonio Conselheiro, o líder dos revoltosos de Canudos. Joseph John Thomson media a carga específica do elétron. E chegava à Hospedaria Horta Barbosa, em Santo Antonio do Parahybuna (atual Juiz de Fora, em Minas Gerais), a maior leva de imigrantes europeus, a maioria italiana, para atender a mão de obra cafeeira em Minas Gerais. Entre eles, meus ancestrais sardos.

A viagem da Europa para o porto de Santos era muito precária. No caso de meus ancestrais sardos, eles partiram do porto de Cagliari (capital da ilha) para o Porto de Gênova, e de lá vieram para o Rio de Janeiro. Os emigrantes vinham na terceira classe, nos porões dos navios. Havia superlotação, a comida era ruim e não havia assistência médica. Nestas condições, no período das imigrações, alguns morriam durante a viagem, que durava até 46 dias. Meus ancestrais sardos, naturais de Villasalto, chegaram ao Porto de Santos, no vapor EQUITÁ. Deram entrada na Hospedaria dos Imigrantes Horta Barbosa em Juiz de Fora na data de 28 de junho de 1897. Saíram da hospedaria no dia 4 de julho de 1897 e partiram de trem para a Fazenda Bela Vista do contratante sr. Antônio Belizandro dos Reis Meireles, localizada no então distrito de Rio Pardo, hoje o município de Argirita (Arquivo Público Mineiro - APM, Microfilme Rolo 4, Arquivo F, Gaveta 1, em Belo Horizonte/MG). A família do bisnonno Giuseppe ficou uma semana na hospedaria até que fossem liberados para seu destino; tempo normal de permanência, o que indica que chegaram e saíram saudáveis na empreitada."

TRECHO DO LIVRO "A ilha que atravessou o mar".
Livro em formato PDF e disponível gratuitamente neste Blog.
Buona ricerca!



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