Durante a ditadura de Getúlio Vargas, na década de 40, o governo brasileiro pressionou de fato os imigrantes, que já traziam o temor e a desconfiança em suas bagagens e experiências em terras estranhas a seus costumes e origens. Nos dados históricos, constatamos que as ações governamentais eram bem rigorosas quanto a expressão da cultura e o idioma por parte dos imigrantes. O governo temia que as influências externas pudessem vir com os imigrantes, podendo abalar a estrutura do governo com o anarquismo e prejudicar o nacionalismo que era estimulado com a ditadura de Vargas. Este povo valente fez mais pelo país, do que ameaçar com esta temível "anarquia" e "vandalismos". Os imigrantes contribuíram muito por impulsionar o país na industrialização e no desenvolvimento, após serem explorados em sua grande parte como mão de obra barata pela voraz aristocracia cafeeira.
Neste aspecto, o autor de "A ILHA QUE ATRAVESSOU O MAR", aponta os fatos históricos que mostram a eficácia do país, principalmente o Estado de Minas Gerais, em arrebanhar grandes levas de miseráveis com a falsa promessas de um "Paraíso nas Américas", com predicativos como: "país da oportunidade", "abundâncias", "riquezas minerais", ter seu próprio "castelo" e, é claro, com todas as ajudas do governo. Na verdade, o governo buscava a mão de obra para jogar nas mãos dos ávidos fazendeiros, que perderam seus escravos após a Abolição dos escravos no país. Uma vez dentro do país, eram abandonados a própria sorte nas mãos dos fazendeiros. Mas antes disto, eram habilmente cadastrados pelo governo na chegada do Porto e nas hospedarias, para que as famílias fossem separadas e não pudessem se organizar contra o governo. Muitas tragédias familiares foram deliberadamente provocadas, com muitos "indigentes" enterrados em valas comuns. Sem alternativas para "o que restou das famílias", muitas retornaram a seus países e migraram para países vizinhos.
Na escravidão, a regra era a chibata nas costas dos escravos e, posteriormente, os contratos leoninos e a exploração politico-econômica com os imigrantes. O Brasil foi construído desta forma, com base na exploração sem limites de seres humanos; um Kharma que se arrasta e tem sua perpetuação nos corruptos, larápios e corruptos atualmente no poder, cheios de falácias e dissimulações, enganando o povo, enquanto enriquecem... Ainda hoje, pouco mais de 100 anos do fim da imigração que marcou este país, este "poder público" contribui para a formação de favelas, a marginalização, a pobreza, a precária falta de infraestrutura e educação no país. Os malfeitores se organizam em partidos políticos e defendem regras que só a eles interessam. O problema não era com os imigrantes, mas já se encontrava aqui e enraizou de forma cancerígena no DNA de alguns brasileiros...
Os cartazes ameaçavam os imigrantes a abandonarem seus costumes e culturas no país e eram espalhados nas regiões onde se concentravam, como este no Rio Grande do Sul, a seguir:
Aviso colocado em locais de frequentação pública. Este no Rio Grande do Sul, no ano de 1942. Fonte: Acervo de Edilberto Luiz Hammes.
Cartaz motivacional que era utilizado para busca de mão de obra na Itália, algumas com subsídios do próprio governo italiano. Estes imigrantes foram iludidos para "conquistar" um paraíso que não existia. Muitos descendentes de italianos não conhecem as histórias de seus ancestrais, não tem documentos ou fotos, porque foram intencionalmente apagadas por pressões do governo, que impôs uma identidade aos novos cidadãos. Meus ancestrais NÃO NATURALIZARAM brasileiros, foram um dos poucos nesta RARA IMIGRAÇÃO que não retornaram à Sardenha... morreram como sardos nestas terras...
No livro "A ILHA QUE ATRAVESSOU O MAR", conto fragmentos de minha família sarda, separados pelas fases históricas no país e como este representante da segunda geração de sardos percebe esta herança cognitiva e psicológica. É minha parca contribuição a minhas raízes, do qual me orgulho profundamente.
Autor: José Capaz
Jornalista e escritor.
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