UMA ANALOGIA INEVITÁVEL
Imigração
na atualidade.
A
rede virtual se assemelha ao mundo real, mesclam fragmentos históricos,
armazena e veicula percepções de tal forma que funde com a própria realidade. O
“ouro verde” do século XIX agora é substituído pelo ouro moderno, a tão
disputada informação. Muitos pretendem “fazer
a América” neste ambiente novo. Mas é preciso saber “navegar”, atravessar o
grande “oceano” que agora distingue os indivíduos conectados daqueles não
conectados. Vivemos uma nova “monocultura”, que se mescla perigosamente ao
mundo real globalizado. Nasce uma cultura planificada, sem fronteiras e,
intencionalmente, com poucas regras. Tornamos, assim como nossos ancestrais
imigrantes em Minas, internautas. Um novo “laboratório
de gentes” se formou; agora em patamares e consequências inimagináveis.
Os
rastros “imigratórios”, aqui e acolá, são “aparentemente” deletados, mas uma
lista de desejos e de indesejáveis já se formou. O sistema sabe tudo de você,
porque investiu para que estivesse com você. Mapearam seu “Stato di famiglia”. Agem
como uma “Superintendência de Imigração”,
coordenando, selecionando e registrando fluxos de ideias e mentes. Formou
hospedarias, colônias e grupos. Alimenta as diferenças, se mostra solícito a
todos, tudo a título da liberdade de expressão. O “ouro moderno” movimenta nossas vidas cotidianas, bancos, bolsa de
valores, mercado de ações, nações, opiniões, com forte apelo motivacional. A
moderna oligarquia mundial, com gigantesco poder de transformação, manipula
este mundo virtual. Isto será sempre negado. É uma rede de “malha fina”, onde
nada passa despercebido.
No
ambiente virtual, a sensação é a de “ser imigrante”, ainda que não percebida ou
admitida, a identidade “roubada”. A teoria do sardo Gramsci, com os conceitos
de “hegemonia cultural”, é perfeita
na definição desta “terra virtual”. O exemplo é bem atual. A oligarquia não se vale da violência para
governar, mas sim de ferramentas culturais e ideológicas, que constroem o
consentimento geral. A “hipnotização” dos internautas ocorre como no passado da
colonização de Minas, sedução e falsa propaganda, que lhe rouba o tempo e os
sonhos. Nas ruas, os “imigrantes” de hoje digitam avidamente seus celulares.
São milhares de conectados, quase incomunicáveis no mundo real. A ordem é
navegar. O celular, como as antigas ferramentas agrícolas, é indispensável ao
pretenso moderno, ao entrosamento e ao posicionamento social. A ideia é sugerir
um território “livre”, sem fronteiras. Nele é permitido entrar e sair a
qualquer hora. Não se iluda, estamos num ambiente hipermonitorado. Maquinas
praticamente “pensam” e registram os menores movimentos. Tudo é traduzido em
estatísticas, tornando previsíveis os comportamentos, gostos e tendências.
Subliminarmente, dia a dia, ocorre a desconstrução do indivíduo e das famílias.
Este
internauta é conduzido à superficialidade, indivíduo sem fronteiras e sem
raízes, um receptáculo de emoções dúbias, um mero prisioneiro, sem identidade.
Nada difere daquele imigrante real do passado, que sequer deixou documentos ou
foi sepultado como indigente. Muitas nações estarão em perigo entre os dois
mundos, como reflexo de benesses e maldições em tempo real. A educação virtual
é arrebatadora como uma onda, subtendida, informal e superficial. Quanto maior
a extensão deste saber virtual, de rápido consumo, menor a visão em
profundidade do seu ávido consumidor. E a navegação não pode parar; é
frequentemente medida e comemorada por sua oligarquia. Nos consultórios médicos
já chegam os primeiros náufragos doentes, “viciados” na navegação, são indivíduos
sem fronteira e sem identidade. E mais uma vez, os imigrantes estarão
abandonados e doentes nesta terra artificial, fazendo parte das novas
estatísticas...
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