Falar dos rumos e do
destino da Sardenha é como sentar no banco dos réus sem ter nenhuma culpa, é
sofrer na pele o massacre de toda uma história e cultura milenar, é estar a
mercê das armadilhas do capitalismo que dilacera e destrói a beleza, a riqueza
biológica e a dignidade do morador da ilha, do pecuarista ao investidor, sem dó
e discernimento. A Ilha da Sardenha que teve em toda sua história invasores
sedentos da pilhagem de suas riquezas, inclusive reportada em sua bandeira a
vitória contra os sarracenos, agora é alvo dos interesses capitalistas.
Pelo que li até agora em
materiais da NET, pude perceber três abordagens quanto ao destino da ilha da
Sardenha, são eles:
1)
INDEPENDÊNCIA JÁ!
Desde 1974 há movimentos
para "separar" a Ilha do Continente Italiano. A ilha tinha sua
própria moeda, o Sardo; tem autonomia, mas ainda está atrelada às questões
políticas e ao governo italiano. A meu ver, a cultura sarda, fortemente
agrária, lingua e costumes diferentes da realidade do continente, teve a
desastrosa mudança com a implantação do Euro.
2)
A ILHA ESTÁ À VENDA.
No ano passado, o deputado
europeu Mario Borghezio, apresentou uma proposta muito suspeita e capitalista,
que desconsidera todo o passado histórico e cultural da ilha da Sardenha.
Propõe que a Itália, para sair da dívida, coloque à venda a Sicília, Napoles e
a Sardenha, ou seja, ceder estes territórios meridionais a estrangeiros;
principalmente aos EUA ou Rússia. Na
opinião de Borghezio, somente os bilionários russos ou americanos são capazes
de vencer a “Cosa Nostra” da Sicília ou a “Camorra” napolitana. Parece loucura,
mas deixa claro a importância que tem a Sardenha e estes territórios para a
Itália, senão amortizar uma parte da dívida italiana de dois trilhões de euros.
No passado, por uma crise na transição histórica, a Itália provocou a segunda
maior diáspora da história da humanidade depois dos hebreus, despachando boa
parte de seus cidadãos em condições sub-humanas para a distante América. Dá
para perceber, como descendente de italiano, o quanto este país trata seus
maiores valores...
3)
ZONA FRANCA
A Itália poderia
transformar a Ilha da Sardenha em Zona Franca, abrindo as portas aos
bilionários, investidores, negócios de toda ordem, transformando a ilha num
paraíso fiscal e reduto capitalista; o que acabaria por massacrar a cultura
agropecuária e a rica história e antropologia local. A meu ver, como jornalista e historiador, conhecendo “an passant”
esta proposta e os exemplos no continente americano, não vejo senão um grande
problema a “Zona Franca”, sem estudar
detalhadamente as implicações antropológicas e culturais a médio/longo prazo de
tal decisão. A estratégia já existe, pois 66% das bases militares italianas
estão na Ilha da Sardenha. Para mim, uma medida como esta só servirá aos
interesses da Itália e não da Sardenha.
“Historicamente, somos uma
comunidade étnica distinta e homogênea, e em nome desta realidade, exigimos
nossos direitos, não só na Itália, mas na frente de todo o mundo civilizado".
Antonio
Simon Mossa
Ideólogo do Separatismo Sardenha
Isto explanado,
dentro de meus parcos conhecimentos, tendo parte de mim um espírito sardo, que
deseja o melhor para a terra de meus ancestrais, desejo que a independência
venha para a Sardenha como a magia petrificada e mágica de seus Nuraghs que se
perpetua no tempo e com a firmeza das leis de Eleonora d’Arborea que marcaram
história e a Paz natural e bucólica que dá energia a seus centenários
residentes.
Que o patrono São Miguel Arcanjo e Nossa Senhora de
Bonária, mãe dos Navegantes, coloque no caminho certo a Ilha da Sardenha e seus
moradores. São os desejos de um descendente sardo, distante do berço de seus ancestrais, aqui no Brasil, além mar...
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