domingo, 4 de janeiro de 2015

Palavras ao meu pai sardo-mineiro - Parte I

SOSSEGA SEU CORAÇÃO MEU PAI, que o tempo é para refletir.

Não é tempo de preocupar com os filhos, que bem formados e instruídos estão.
O passar das horas são dádivas de um Pai maior, aos filhos maduros e aprendizes.
De todas as lições da vida, ainda que o peso seja implacável aos ombros, ainda está em curso.

Pense que os maiores bens e conquistas são interiores e este ninguém os leva, senão tu.
Que mesmo os faraós que se fecharam em tumbas, tiveram seus profanadores com o tempo. Este tempo terreno e suas matérias são irrelevantes e inexpressivos comparados à alma.
A alma generosa e com a vida em oração não se deteriora e nem se apega a este mundo.
É vero! Deste mundo nada se leva, mas quanta energia e tempo gastamos com esta matéria.
O passar das horas, nesta batalha entre o surgir e o partir, são glórias e momentos de solidão. Nascemos sozinhos e partimos na solidão, porque somos projetos individuais de uma Grande Obra.
Eis que chega um momento que é desgarrar-se deste mundo, fato incompreensível a muitos. As paredes que nos abriga, um dia serão ruínas e lembranças familiares. Muitos dos infortúnios e martírios serão para sempre apagados, porque são ultra pessoais.

Quem é João? Que passou Rafael? Onde anda Giuseppe? A quantos importam tais respostas.
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Meu pai João Capaz de Oliveira, filho de Raffaele Cappai, tem hoje 81 anos de idade hoje. É forte, muito ativo no dia-a-dia e uma memória oscilante. Tem mania de fechar tudo com chave e cadeado. Adora uma conversa. Dorme tarde e acorda de madrugada para fazer café. Tem um pequeno santuário em casa, onde reza todas as manhãs. É ministro da eucaristia, mas afastou um pouco por conta da saúde. Teve renovada recentemente sua carteira de motorista, mas por lapsos de memória e "apagão", os filhos pediram para não dirigir mais. Como bom descendente sardo, irá viver mais, sempre atento às histórias da Sardenha e dos ancestrais. Ao meu pai, dedico minhas atenções literárias e leituras...

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